sexta-feira, 15 de maio de 2009

Medicamentos e direção veicular

Caixinha de surpresas
Médicos alertam para os riscos dos remédios que alteram o comportamento e a capacidade de reação do motorista
Thaís Cieglinski
Especial para o Correio
Antes de receitar um medicamento é comum que o médico questione o paciente sobre históricos de alergias, uso de outros remédios ou ainda sobre doenças e cirurgias já sofridas. Quase nenhum deles, porém, se lembra de alertar as pessoas a respeito do perigo que algumas medicações podem representar para quem dirige.
"Os profissionais raramente lembram-se de falar sobre os efeitos colaterais capazes de interferir na capacidade de reação dos indivíduos. Trata-se de remédios usados por grande parte da população", confirma o médico Flávio Emir Adura, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).
A gama de drogas capaz de provocar reações incompatíveis com o nível de atenção exigido de um motorista é grande. Vai desde um antialérgico usado para tratar rinite às anfetaminas presentes em grande parte dos redutores de apetite. Basicamente, podem ser divididos em cinco principais grupos: ansiolíticos (tranquilizantes), hipnóticos (indutores do sono), anfetaminas (estimulantes), medicamentos para diabetes e antialérgicos.
Atenta ao perigo do uso indiscriminado desses remédios, a Abramet decidiu sugerir alteração na legislação para tentar reverter o preocupante quadro. Em 2008, a entidade encaminhou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) uma recomendação para exigir que, nas caixas dos remédios capazes de causar sonolência, conste uma tarja com o dizer: Proibido dirigir. A sugestão foi bem-recebida e deve ser implantada com uma das medidas determinadas pela Agência para tornar as embalagens de medicamentos mais informativas.
"O aumento do número de pacientes tratados com ansiolíticos, aliado ao abuso ou dependência de álcool e outras substâncias, eleva consideravelmente o risco de acidentes automobilísticos, alerta a doutora em psiquiatria pela USP Dóris Hupfeld Moreno, na pesquisa Psicofármacos e Direção.

Os antialérgicos, por exemplo, estimulam a produção de melatonina, hormônio que induz o sono. Quem faz uso deles, deve esperar ao menos 12 horas antes de dirigir. Já os diabéticos, que utilizam remédios para controle dos níveis de insulina no organismo, devem redobrar a atenção e se alimentar corretamente para evitar os quadros de hipoglicemia, que podem gerar tonturas, desmaios e alterações visuais.
Os médicos desempenham papel fundamental para que seja iniciada a reversão desse quadro. "As pessoas precisam estar informadas a respeito desses efeitos para que possam se prevenir", observa o presidente da associação. O especialista lembra que, certa vez, atendeu uma senhora que usava antidepressivos, ansiolíticos e indutores do sono e trabalhava, surpreendentemente, como motorista de um transporte escolar: "Ela não tinha nenhuma noção do risco que corria."
Fonte: Site do Trânsito (contato@sitedotransito.com.br)

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