segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Lei Seca

Instituída no Brasil em junho de 2008, a lei seca começou a mudar o comportamento dos motoristas brasileiros que consomem bebidas alcoólicas. Apesar de a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada pelo Ministério da Saúde (MS), demonstrar uma reversão na tendência inicial de queda no número de pessoas que declararam conduzir automóveis após ingerir álcool, a modificação dos hábitos pode ser constatada pela redução no índice de acidentes no trânsito.
"Tive medo de perder minha carteira, mas tomei consciência também depois de perceber que muitas pessoas que não bebem acabam morrendo em um desastre por conta de outras que beberam", afirma o universitário Leonardo Alves Pereira, 22 anos. A rotina do jovem, que incluía baladas semanais com os amigos de faculdade, foi transformada depois que ele decidiu adotar postura mais rígida quando faz uso de bebidas alcoólicas.
Depois de enfrentar certa resistência, conseguiu convencer os colegas a fazerem rodízio para garantir sempre alguém sóbrio para levar o carro e adotou os serviços de escolta ou táxi quando bebe e precisa voltar para a casa, em um condomínio de Sobradinho, cidade a 20km de Brasília (DF). Atitudes como a de Leonardo vêm se mostrando decisivas para que os estados continuem registrando diminuição nos índices de acidentes e mortes no trânsito.
Dos 14 estados pesquisados (15 com o Distrito Federal), nove apresentaram queda no número de acidentes com vítimas em 2008, na comparação com 2007. No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, a queda chega a 30%.
Na opinião de Deborah Malta, coordenadora geral da Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, os dados do Vigitel relativos a 2008 mostram a necessidade de que políticas públicas para reduzir o consumo abusivo de álcool sejam subsidiadas e ampliadas. "Esse aumento é muito preocupante, especialmente entre os jovens. As pessoas não avaliam de forma negativa o consumo precoce de álcool e chegam a estimular esse comportamento, especialmente entre os meninos", diz Malta. Nos meses de julho, agosto, setembro e outubro de 2008, os percentuais de pessoas que afirmaram ter consumido álcool de forma abusiva e dirigido depois foram, respectivamente, de 1,3%, 0,9%, 1,2% e 1,2%. Em novembro e dezembro, passaram para 2,1% e 2,6%.
Reação
Com o objetivo de mudar o cenário constatado pela pesquisa, o MS vai propor a ampliação de um plano de ação conjunta com os ministérios da Justiça e das Cidades. O programa já está implantado em 16 capitais e a proposta é estendê-lo a outras 907 cidades. Além de prever melhoria na atenção às vítimas, o plano pretende, entre outras ações, promover a reestruturação dos serviços de urgência de hospitais.
A OMS reconheceu o esforço do país no combate à mistura fatal de álcool e direção. Em comunicado enviado ao governo brasileiro, destacou que a nova lei traz "conteúdo de vanguarda que servirá não somente como padrão de mudança de condutas para a população brasileira, principalmente para os mais jovens, mas também como modelo de legislação para os demais países da região das Américas. Nesses países, dirigir sob a influência de álcool se tornou um verdadeiro problema de saúde pública". (Thaís Cieglinski - Especial para o Correio)
Fonte: Site do Trânsito (contato@sitedotransito.com.br)

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