sábado, 4 de julho de 2009

A lei da buzina em Bangladesh

A lei da buzina
Zero Hora - RS
Depois de um giro pelas cidades grandes de Bangladesh ou pelas vias que as ligam, se descobre que, para enfrentar o trânsito do país
Depois de um giro pelas cidades grandes de Bangladesh ou pelas vias que as ligam, se descobre que, para enfrentar o trânsito do país, freios, cinto de segurança, pneus ou amortecedores em dia não são tão necessários quanto outros dois acessórios: buzina e coragem.
Indispensável, a buzina é usada o tempo todo. O ruído ininterrupto causa estresse e irritação - e, a longo prazo, certamente deve danificar o sistema auditivo. Versátil, a buzina mais parece uma mania nacional e é utilizada em vez do pisca-pisca, no momento de ultrapassagens, indevidas ou não, e também sem motivo aparente e por períodos bem mais longos do que a paciência aguenta.
Formando uma sinfonia que tira do sério os estrangeiros, mas não parece abalar os moradores locais, a trilha sonora das cidades ainda é reforçada pelo som das campainhas dos riquixás. Calcula-se que circulem por Daca mais de 600 mil dessas bicicletas de três rodas pedaladas por homens e que servem para o transporte de carga e de pessoas. No total, são 11 tipos diferentes de meios de transporte disputando as insuficientes vias do país.
Além dos riquixás - decorados de forma chamativa e detalhista, em uma espécie de competição entre os proprietários -, circulam pelas ruas os baby-taxis (também chamados de auto-riquixás), veículos motorizados de três rodas para transporte de passageiros, e até mesmo tratores, que também carregam pessoas em precárias estruturas sacolejantes feitas de madeira.
Mas, infelizmente, as consequências da falta de educação e da imprudência no trânsito não são apenas adrenalina e zumbido nos ouvidos. O Serviço de Rodovias de Bangladesh estima que, em 2007, 3.250 pessoas morreram no país em acidentes de trânsito. No ano passado, apenas em Daca, foram 377 mortes em 620 acidentes registrados.
Dentre as vítimas, 283 eram pedestres. O trânsito em Bangladesh reflete dois dos maiores problemas do país: o sistema educacional deficiente e a superpopulação.
- Temos nossas leis de trânsito, como qualquer outro país do mundo. A questão não é que os motoristas não seguem as leis. É que eles não conhecem as normas, e muitos que dirigem sem habilitação são analfabetos e não entendem as placas de trânsito - explica o engenheiro civil Subash Chandra Barua, de Chittagong, a segunda maior cidade do país asiático. Outro grande problema é que não existe um sistema oficial de transporte público. Por isso, a proliferação de tipos alternativos de transporte.
- Um meio de transporte de massa é uma das necessidades mais urgentes. Estradas também são um problema: não temos uma rede adequada de conexão entre as cidades e dentro delas - ressalta Barua.
Em Bangladesh, motoristas sem habilitação, acumulando infrações ou com veículos inadequados rodam sem maiores problemas em cidades grandes ou nas estradas. Os órgãos públicos tentam, por meio de campanhas educativas e da fiscalização, melhorar o quadro. Enquanto não conseguem, a lei do asfalto é fazer o que mais aprouver ao motorista - desde que use a buzina.
Fonte: Site do Trânsito (contato@sitedotransito.com.br)

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